
Como guardar alguém
Trabalho de Conclusão de Curso; um envelope coletivo como espaço para materializar o que tanto se carrega por alguém dentro de si; um convite a guardar alguém.
"Reza o dito popular que recordar é viver,
e podemos afirmar o inverso: que viver é,
em grande parte, um processo de recordar"
Rafael Cardoso
Em homenagem aos que se foram,
e àqueles que os continuam amando.
“O que a memória ama, fica eterno”
Adélia Prado
contextualizando

O ato de rememorar é inseparável da própria condição de ser. Tudo aquilo que compõe a memória nasce de nossas experiências, pois somos, em grande parte, a soma de todas as sensações, percepções e impressões que nos atravessam em vida.
É nesse entrelaçamento do sentir e do lembrar que os registros físicos - em especial, as fotografias - se encontram. Estes nos convidam a revisitar o que se foi, transcendendo sua materialidade. Mais do que um documento, a fotografia se torna então um lugar de reverberação; sua materialidade guarda somente o instante, porém convida a ressignificação.
Este trabalho se ancora, então, em sua efemeridade física, nesses quase-encontros. Onde a materialidade assegura uma forma de permanência ao que, por natureza, é impermanente. Onde ainda seja possível se agarrar a algo, mesmo quando muito já se foi. O projeto pulsa no que é atravessado por desejos, sentimentos, e, sobretudo, pelo tempo.


desenvolvimento e rascunhos
resultado final
Um monumento à memória. Ao amor. Às lembranças.
Proponho aqui uma reflexão prática sobre como guardar alguém, materializada em um envelope físico a ser passado de mão em mão entre aqueles que carregam em si uma ligação, lembranças e afeto pela pessoa a ser preservada. Um espaço para materializar o que tanto se carrega no peito por alguém.
Dentro deste envelope, cada pessoa é convidada a deixar um pedaço de sua memória; algo que, à sua maneira, possa representar parte daquele a quem se deseja guardar. Assim, aos poucos, o envelope se transforma em um espaço de encontro, onde a visão dessa pessoa é construída pelos olhos de tantos outros. Histórias se entrelaçam, memórias se multiplicam, e o envelope deixa de ser apenas um objeto para se tornar um espaço de conexão entre experiências, sentimentos e histórias compartilhadas. Cada contribuição é, assim, um ato de cuidado e uma forma de manter viva, de zelar pela relação entre quem guarda e quem é guardado. Uma narrativa tecida por diferentes pessoas, em homenagem a uma em especial - para reconhecer que certos vínculos ultrapassam tempo e matéria.




- Envelope confeccionado em tecido 100% algodão
- Tingido manualmente com tintas Guarany nas cores
vermelho e azul
- Costura com linha de poliéster, cor vinho e creme
- Fechamento com laço elástico e botão
- Desbotamento pontual com hipoclorito de sódio
- Componentes adicionais: clips e alfinetes
- Medidas: 17x12,5cm
- Manual impresso em Papel Pólen Bold 90g
descrições técnicas